Constipação
O que é ?
É a dificuldade e/ou dor na hora de fazer coco associado com a diminuição da frequência (menos de 3x /semana). Geralmente as fezes são grossas, endurecidas que podem entupir o vaso sanitário. Ou em cibalos (tipo fezes de cabrito) nessa situação a frequência de evacuar pode ser diária. Em alguns casos pode ocorrer sangramento, visto fissuras anais.
Sintomas
- Dor abdominal
- Fezes endurecidas, grossas
- Fezes em bolotinha, tipo de cabrito (cibalos)
- Sangue em torno das fezes
- Dor para evacuar
- Enfezado
- Sujar calcinha ou cueca – selar – borrar- tipo um escape fecal- geralmente ocorre em casos com muito tempo de constipação e não tratados
Por que acontece?
Existem dois tipo de constipação: funcional e orgânica.
A orgânica é quando existe alguma mal formação anatômica ou alguma doença que a justifique. Ocorre em 5% dos casos.
A funcional é mais comum, 95% dos casos, onde não existe uma causa para ela e nenhuma doença associada, ocorre mais por mudanças de hábitos e/ou comportamento.
Nos bebês, o esforço e a dificuldade no ato de evacuar, mesmo com fezes de consistência normal, ocorre pela imaturidade do sistema nervoso e pela incoordenação no ato de evacuar.
Lactantes amamentados no seio podem ficar vários dias, até 10 dias, sem evacuar e isso pode ser normal, desde de que sem dor.
Em crianças ela pode ocorrer na mudança da dieta ou rotina, no desfralde ou após alguma doença.
Em alguns casos, elas podem reter as fezes para não evacuar em lugares diferentes que a sua casa.
Uma vez que ocorre a passagem de fezes endurecidas pelo reto, com dor, muito esforço e em alguns casos até sangramento causando fissuras, a criança fica traumatizada, levando a retenção e/ou inibição da vontade de evacuar na próxima vez. Com o acúmulo cada vez mais de fezes no reto e sua consequente distensão, as próximas evacuações serão também traumatizantes. Levando ao ciclo vicioso de medo retenção Constipação —- passagem de fezes grossas, ressecadas, com dor, sangramento —- medo — retenção …
Um cólon distendido por muito tempo pode não funcionar adequadamente e consequentemente mais fezes ficarão retidas levando a um ciclo vicioso. Fezes endurecidas e grossas – dor na hora de fazer coco – fissura anal – dor e medo – mais retenção fecal.
O comportamento de retenção é caracterizado quando a criança tem a vontade de evacuar mas acaba inibindo-a com o cruzar das pernas e tensão na musculatura glútea evitando a saída das fezes. Isso acaba perpetuando o ciclo vicioso de dor e retenção, atrapalhando ainda mais o tratamento.
Quais são as consequências da constipação intestinal?
Se a constipação intestinal não for tratada adequadamente, a longo prazo, poderá evoluir e gerar novas e graves complicações para o organismo, como:
- Diverticulose: saculações do revestimento interno do intestino para fora de suas paredes.
- Hemorróidas: dilatações tortuosas dos vasos sanguíneos da região anal que podem sangrar, além de causar incômodo e prurido (coceira), provocadas por fezes ressecadas e esforço exagerado ao evacuar.
- Fissuras anais: pequenos “cortes” na região anal, provocados por fezes ressecadas e esforço ao evacuar, gerando dor, sangramento e ardência ao evacuar.
- Câncer do intestino: a constipação intestinal também se relaciona com o aumento da possibilidade de desenvolver câncer do intestino, em razão da lentidão do trânsito intestinal e do consequente incremento na formação e no contato de substâncias cancerígenas encontradas nas fezes com a parede do intestino grosso, além da alteração da flora intestinal.
Como se trata?
Conforme o caso do paciente. Alguns só com a alteração na dieta e aumento de aporte
de fibras e água, outros com laxantes para amolecer o bolo fecal.
O médico deve estar monitorando o tratamento que em alguns casos podem levar um tempo prolongado de medicação, até 1 ano ou mais, em alguns casos, até a resolução completa dos sintomas.
Laxante:
É importante no início do tratamento para não deixar acumular as fezes e conseguirmos quebrar o ciclo vicioso.
Treinamento intestinal?
Só para crianças que já tenham o controle dos esfíncteres ( que já estão desfraldadas), geralmente após 4 anos. Fazer força de evacuar 2x/dia, durante 5 minutos, todos os dias após 15 a 30 min de uma grande refeição (café-da –manha, almoço, janta) ou quando vontade de evacuar.
Para realizar o treinamento intestinal a criança deve ter um local apropriado para evacuar conforme a faixa etária: troninho, adaptador no bacio, suporte para os pés ( lixo do banheiro, livro grosso, tijolo, banquinho) quando no bacio a fim de realizar a prensa abdominal (ângulo entre o abdômen e as coxas que possibilita a realização de força para evacuar).
Colocar na rotina da criança:
- Aumentar a ingestão hídrica- a necessidade de água depende do peso de cada pessoa, mas sugerimos:
1-3 anos – 5-6 copos/dia
4-8 anos – 7-8 copos/dia
9-13 anos- meninos 10-11 copos/dia ; meninas: 8-9 copos/dia
14-18 anos -meninos -12-14 copos/dia; meninas: 9-10 copos/dia
- Aumentar a ingestão de fibras – pão integral, arroz integral, macarrão integral, farinha de trigo integral, farelo de trigo. Aveia! Linhaça!
A necessidade de fibras varia conforme a idade: acimas de 2 anos – calculamos: mínimo- idade + 5 gramas:
máximo – idade + 10 gramas
- Aumentar a ingestão de frutas in natura com casca e bagaço e/ou secas – mamão, maçã, banana, manga, abacaxi, pêra, ameixa, uva, morango, laranja, ameixa-preta, coco, etc.
- Aumentar a ingestão das leguminosas: feijão, lentilha, grão–de-bico, ervilha, milho, linhaça.
- Atividade física pelo 1 h dia para as crianças
- Colocar azeite de oliva em cima do prato do almoço e janta.
Vídeo do site GiKids – orientação aos pais de crianças com problemas gastrointestinais, associada a NASPGHAN – North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition.
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