Alergia Alimentar
Alergia alimentar é uma reação adversa do sistema imunológico do nosso corpo à proteína exposta a ele. No Brasil, a proteína mais frequente é a do leite de vaca, seguida do ovo, amendoim, trigo, soja e milho. Também entram como alergênicos: frutos do mar, banana, oleaginosas (castanhas, nozes) e mandioca.
Sintomas da Alergia Alimentar
Os sinais e sintomas podem se manifestar em diferentes partes do corpo:
- Pele: placas vermelhas, coceira, pele grossa com descamação, assadura ou feridas (dermatite atópica).
- Trato gastrointestinal: vômitos, diarreia, enjoo, regurgitações frequentes, cólicas, sangue nas fezes, intestino preso, distúrbio do sono.
- Trato respiratório: tosse, falta de ar, coriza, espirros, congestão nasal.
- Geral: baixo ganho de peso, choque anafilático.
Tipos de Alergia Alimentar:

Alergia x Intolerância à Lactose
Não existe alergia à lactose. A intolerância à lactose é uma desordem metabólica causada pela ausência da enzima lactase, responsável pela digestão da lactose (açúcar do leite). Os sintomas incluem distensão abdominal, diarreia, vômitos, enjoo ou constipação, e geralmente são dose-dependentes. Diferente da alergia alimentar, pode ser possível consumir pequenas quantidades ou produtos com baixo teor de lactose.
Prevalência e Associação com Outras Doenças
A alergia alimentar afeta cerca de 6% a 8% das crianças menores de 3 anos e 2% a 3% dos adultos. Crianças com doenças alérgicas como dermatite atópica (38%) ou asma (5%) têm maior risco de desenvolver alergias alimentares.
Fatores de Risco
- Predisposição genética (histórico familiar de alergias).
- Parto cesáreo.
- Uso de antibióticos ou medicamentos pela mãe durante a gestação ou pelo bebê no primeiro ano de vida.
- Consumo precoce de fórmulas alimentares industrializadas.
- Alimentos com alta potência antigênica como leite, ovo, trigo, soja, amendoim e frutos do mar.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por meio de dieta de exclusão e posterior reintrodução do alimento suspeito, observando o reaparecimento dos sintomas. Essa abordagem deve ser acompanhada por profissional qualificado.
Antes de Iniciar a Dieta de Exclusão
- Usar esponja nova e utensílios limpos com água fervente.
- Evitar utensílios de plástico (porosos e retentores de proteína).
- Separar louça da criança com dieta especial.
- Tampar alimentos na geladeira.
- Evitar preparar alimentos com e sem alergênicos ao mesmo tempo.
Leitura de Rótulos
Sempre leia o rótulo de alimentos, cosméticos e medicamentos. A rotulagem pode mudar e conter ingredientes ocultos, inclusive traços de leite ou ovo.
Lista de Alimentos Alergênicos
1. Leite de Vaca e Derivados



Fontes alternativas: carnes e ovos. Nas receitas, pode-se usar bebida vegetal (aveia, arroz, coco) ou suco de frutas.
Dicas:
- Leia rótulos de alimentos, cosméticos e medicamentos.
- Evite frios fatiados em padarias (risco de contaminação cruzada).
- Prefira produtos com rotulagem do fabricante.

2. Amendoim

3. Ovo

- Partes alergênicas: clara (albumina, ovalbumina, ovomucóide, etc), gema.
- Preparações comuns: suspiro, maionese, massas, merengue, suflê.
Fontes alternativas: carnes, laticínios e vegetais verde-escuros.
Substitutos em Receitas
- 1 colher de sopa de farinha de linhaça + 3 colheres de água
- 1 colher de sobremesa de vinagre branco
- 1 pacote de gelatina sem sabor + 2 colheres de sopa de água morna
- 1 colher de fermento biológico + 1/4 de xícara de água morna
- 1 colher de sopa de chia + 2 colheres de sopa de água
4. Trigo

Alimentos comuns: farinha, bolos, pães, massas, semolina, farinha de rosca, cuscuz, etc.
Substitutos: farinha de arroz, milho, polvilho, fécula de batata, creme de arroz, araruta.
5. Soja


- Proteína texturizada de soja (PTS)
- Proteína isolada e hidrolisada
- Shoyu, missô, tofu, natto, suco de soja, leite condensado de soja
Fontes alternativas: feijão, lentilha, grão-de-bico, carnes, vegetais e laticínios.
6. Castanhas e Oleaginosas

Exemplos: castanha de caju, do Pará, nozes, pistache, avelã.
Fontes alternativas: carnes, vegetais, grãos integrais e frutas.
7. Frutos do Mar
- Principais alérgenos: Parvalbuminas, Tropomiosinas
- Alimentos: peixe, camarão, lula, polvo, ostra, marisco
Substitutos: carnes, ovos, laticínios, óleos vegetais ricos em ômega-3 (linhaça, canola), vegetais e grãos fortificados.
Mandioca
A mandioca pode causar alergia alimentar em algumas crianças. Embora mais rara, sua ocorrência deve ser considerada quando há sintomas persistentes sem causa identificada. Os sintomas são semelhantes aos de outras alergias alimentares e incluem manifestações cutâneas, gastrointestinais e respiratórias.
Milho
O milho e seus derivados estão presentes em muitos alimentos industrializados, o que pode dificultar a exclusão completa da dieta. A proteína do milho pode desencadear sintomas alérgicos variados. A substituição nas receitas pode ser feita por farinha de arroz, fécula de batata, mandioca e outras alternativas sem milho.
Banana
A banana é considerada um alimento alergênico em algumas regiões, especialmente na forma crua. As manifestações alérgicas podem incluir coceira na boca, inchaço, erupções cutâneas ou sintomas gastrointestinais. A banana cozida pode ser tolerada em alguns casos.
Como deve ser o acompanhamento?
O acompanhamento de crianças com alergia alimentar deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, composta por alergista, nutricionista e pediatra. É importante fazer reavaliações periódicas para verificar a possibilidade de tolerância ao alimento, o crescimento e desenvolvimento da criança e orientar os pais sobre rotulagem e substituições adequadas.
Como é a reintrodução do alimento?
A reintrodução do alimento deve ser feita apenas sob orientação médica, geralmente com provocação oral supervisionada, realizada em ambiente hospitalar, principalmente nos casos de alergia IgE mediada. Para alergias não IgE mediadas, a reintrodução pode ser feita em casa, de forma gradual, conforme o protocolo estabelecido pelo especialista.
Qual o tempo de exclusão?
O tempo de exclusão varia conforme o tipo de alergia, gravidade dos sintomas e a resposta do organismo da criança. Em geral, a exclusão dura pelo menos 6 a 12 meses antes de se considerar a reintrodução. Em alguns casos, pode ser necessário manter a dieta por mais tempo.
Vacinas e alergia alimentar
Algumas vacinas podem conter traços de proteínas do ovo ou leite, como a tríplice viral e a febre amarela. Crianças com alergia grave a essas proteínas devem ser avaliadas antes da vacinação. Na maioria dos casos, a vacinação pode ser feita com segurança sob supervisão médica.
Dicas gerais para famílias
- Informe todos os cuidadores e instituições escolares sobre a alergia da criança.
- Tenha sempre um plano de ação em caso de reações alérgicas, com uso de anti-histamínicos ou adrenalina quando necessário.
- Ensine a criança, conforme a idade, a reconhecer os sinais de alergia e a evitar os alimentos perigosos.
- Esteja atento à contaminação cruzada em restaurantes, festas e ambientes fora de casa.
Importância do apoio emocional
O impacto emocional da alergia alimentar pode ser significativo, tanto para a criança quanto para a família. É importante oferecer suporte emocional, promover inclusão social e reforçar a autoestima da criança. Em alguns casos, acompanhamento psicológico pode ser indicado.


