Consulta PRÉ-NATAL para os pais grávidos.

Vocês já ouviram falar nos 1000 dias, 2200 dias , programação metabólica?

Os 1000 dias compreende o período que envolve as 40 semanas de gestação e os 2 primeiros anos de vida da criança. Eles são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento da criança, visto que um bom estado nutricional da mãe e do bebê determina a programação metabólica. O termo “programação metabólica” refere-se a um processo pelo qual eventos nutricionais e ambientais durante períodos críticos do desenvolvimento, como a vida intrauterina e o período pós-natal imediato, podem ter efeitos duradouros na fisiologia e no metabolismo do indivíduo, predispondo-o a doenças metabólicas na vida adulta. Ou seja, direciona de forma precoce os impactos na saúde e na doença por induzir efeitos de longo prazo na saúde da criança, incluindo riscos de doenças não transmissíveis comuns, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

Os 2200 dias são os 100 dias prévios à concepção (nutrição da mãe e do pai, hábitos de vida – tabagismo, álcool, atividade física), os 270 dias da gestação (nutrição materna, estado emocional, hormonal, etc), seguidos de 365 dias do primeiro ano de vida( aleitamento materno e alimentação complementar), 365 dias do segundo ano de vida(aleitamento materno e alimentação complementar) e 1100 dias até os 5 anos. O estado de saúde dos pais influencia na embriogênese, crescimento fetal e saúde futura da criança. A nutrição é um dos fatores de grande impacto nesse período, com influência direta na programação metabólica da criança. Nos dois primeiros anos de vida o sistema de defesa (imunológico) da criança está sendo formado e ele é determinado pelo aleitamento materno, alimentação complementar, uso ou não de antibiótico pela criança, além do que está ocorrendo a formação emocional e neurocognitiva da criança. A flora intestinal (microbiota) da criança está sendo formada principalmente até os 3 anos de vida e é ela que vai “conversar” com o sistema de defesa do corpo e definir os tipos de doenças que a criança terá na vida adulta. Na fase pré-escolar dos 3 a 5 anos está ocorrendo o desenvolvimento neurocognitivo (85% do cérebro do adulto se forma até os 5 anos de vida), além da modulação da microbiota e a programação metabólica, essencialmente na prevenção da obesidade infantil.

PREPARAÇÃO PARA A CHEGADA DO BEBÊ.

O recém-nascido já nasce com experiência de sua vida intra-útero. A audição acontece a partir do quinto mês de gestação, sendo o feto capaz de escutar os ruídos provenientes do funcionamento do organismo materno, e pode se acalmar ao ouvir a reprodução ritmada dos batimentos cardíacos após o nascimento. A audição dos sons externos chega de forma muito atenuada, havendo maior nitidez para os sons graves. O paladar encontra-se também desenvolvido, parecendo haver uma preferência para o gosto doce. No segundo trimestre de gestação os sabores que a mãe come podem ser detectados pelo feto. Assim mamãe, desde de o intra-útero você já está formando o paladar do seu filho! Como os sabores são transmitidos da dieta materna para o líquido amniótico e o leite materno (LM), as mães que consomem variedade de alimentos saudáveis, e com sabores mais marcantes e não doces durante a gravidez e a lactação proporcionam aos lactentes a oportunidade de aprender a gostar desses sabores. Isso, por sua vez, facilita a transição para alimentos saudáveis quando iniciada a alimentação complementar. O excesso de ganho de peso durante a gestação pode alterar o crescimento fetal e alterar o comportamento alimentar da criança, além de predispor-la à obesidade. O feto consegue perceber o contato através da parede abdominal, principalmente a partir do sétimo mês de vida intra-uterina.

O QUE A MÃE PODE E DEVE COMER NA GESTAÇÃO PARA AUXILIAR NO BEBÊ?

Ômega-3 : DHA – auxilia no desenvolvimento visual e neurológico do bebê. Ajuda a diminuir o risco de pré-eclâmpsia e parto prematuro, além de ajudar na saúde cardiovascular da mãe.O consumo materno de DHA é essencial para a formação de todas as membranas celulares do sistema nervoso central, ajuda a prolongar gestações de alto risco, aumenta o peso do RN, o comprimento e a circunferência da cabeça ao nascimento, aumenta a acuidade visual, coordenação motora mão-olhos, atenção, resolução de problemas e processamento de informações. São fontes de ômega-3: salmão, sardinha, cavala, atum, anchova, nozes, sementes de chia, algas marinhas, abacate e sementes de cânhamo. Indicado 200 – 600mg/dia. Os peixes criados em cativeiro são alimentados com ração não fortificada com DHA, o que faz com que esses peixes não devam ser considerados como fontes adequadas, além do excesso de metais pesados presentes nas rações. Toda gestante deve receber suplemento diário de DHA na dose de 200 mg, preferencialmente obtido industrialmente através de algas (produtor primário de DHA). Nome comercial : MatherDHA vegano ou Omega-3 DHA Vegano.
Ferro – importante para evitar anemia na mãe e no bebê. São fontes : carnes, feijões, açaí e vegetais folhosos. Recomendado: 30 a 60mg/dia.
Ácido fólico – ajuda a prevenir defeitos no tubo neural do bebê, anomalias congênitas, como defeitos cardíacos e fendas orofaciais. São fontes : folhas verdes, legumes, feijões, ervilha, amendoim, morango e grãos integrais. Ingerir 400 a 600 mcg/dia
Cálcio – necessário para a formação óssea do bebê. São fontes: leite, iogurte, queijo, vegetais de folhas verdes. Entre 1 e 1,3 gramas dia.
Proteínas – essenciais para a formação do bebê. São fontes: carnes magras, peixes, ovos, legumes e produtos lácteos.
Vitamina D – ajudam na absorção de cálcio e desenvolvimento ósseo do bebê. São fontes: gema de ovos e peixes gordurosos. Indicado vitamina D: 600 UI/dia
Iodo – é fundamental para o bom funcionamento da tireóide materna e fetal; portanto, sua deficiência associa-se à alteração do desenvolvimento neurológico fetal e do RN. Se a gestante estiver em restrição de sódio ou não ingerir sal iodado, deve receber iodo na dose de 150 mcg (na forma de iodeto de K) que pode estar presente no multivitamínico. No Brasil, em virtude de o sal ser iodado, não há necessidade de utilizar suplemento de iodo de forma rotineira durante a gestação.
Colina – é um nutriente muito importante com funções no SNC e efeito também na cognição futura da criança tem sido mais recentemente recomendado, na dose de 450 mg/dia, principalmente se a gestante não estiver ingerindo quantidades adequadas de ovos, carnes, peixes, brócolis, espinafre.

Essas são as recomendações alimentares para as gestantes da Sociedade Brasileira de Pediatra:

Baseie as refeições em alimentos ricos em amido, como batata, pão, arroz e macarrão;
Escolha alimentos integrais e ricos em fibras sempre que possível, como aveia, feijão, lentilha, grãos e sementes, pão integral, arroz integral e macarrão integral;
Coma pelo menos cinco porções de frutas e vegetais diferentes todos os dias (as batatas não contam para esta meta). Não conte o suco de fruta puro em mais de uma porção dos cinco por dia;
Coma o mínimo possível de frituras e evite bebidas com alto teor de açúcares adicionados e outros alimentos como doces, bolos e biscoitos com alto teor de gordura e/ou açúcar;
Coma alguma proteína todos os dias; escolha carne magra ao selecionar fontes de carne. Lentilhas, feijões e tofu também são uma boa fonte de proteína;
Procure comer duas porções de peixe por semana;
Coma laticínios regularmente, mas escolha variedades com baixo teor de gordura, como leite desnatado ou iogurte desnatado;
Fique atento ao tamanho das porções das refeições e lanches consumidos e com que frequência você come;
Sempre tome café da manhã.
Portanto, a gestação é um período crítico que demanda atenção especial à nutrição materna. Manter um estado nutricional adequado, evitar extremos de desnutrição ou excesso de peso, e adotar uma abordagem equilibrada à dieta e suplementação são elementos fundamentais para garantir a saúde materna e fetal durante essa fase única da vida da mulher. As mulheres grávidas devem concentrar-se em aumentar a ingestão de alimentos ricos em nutrientes e de alta qualidade, limitando o consumo de bebidas e alimentos processados e com calorias vazias.

Evitar alimentos crus visto risco de infecção e contaminação alimentar: Evitar leite não pasteurizado, peixe cru (por ex. sushi, salmão defumado), marisco cru, carne crua (por ex. carpaccio), e alimentos preparados com ovos crus.

Evitar excesso de café visto o risco para o bebê de baixo peso, parto prematuro e comprometimento no crescimento fetal, arritmia, impactar no desenvolvimento do sistema nervoso central e risco de aborto espontâneo. O recomendado é no máximo 1-2 xícaras dia, 200 mg – 300 mg dia para a mãe.

O ESTRESSE TÓXICO

(ET) é definido como um estresse elevado e contínuo, capaz de provocar danos irreversíveis ao desenvolvimento neuropsicomotor da criança, além de aumentar os riscos para doenças orgânicas ao longo dos anos. Existem alguns fatores que contribuem com maior risco para o ET, fatores relacionados com o indivíduo (prematuridade, baixo peso, doenças), fatores sociais (pobreza, desnutrição, fome, agressão física, dificuldade de acesso à saúde e à educação) e fatores familiares (número de atividades e responsabilidades excessivas, famílias desestruturadas, problemas conjugais entre os pais). Os efeitos dessas experiências são cumulativos, quanto maior o número de situações e o tempo de exposição, maior e mais profundo será o impacto no indivíduo. A neurociência tem comprovado que o principal fator protetor é o contato amoroso e responsivo de seus pais e cuidadores. Tanto experiências positivas quanto negativas, vivenciadas desde a gestação até a adolescência, podem influenciar no desenvolvimento do indivíduo por toda a vida.

VACINAS RECOMENDADA PARA AS GESTANTES:

DTpa entre 27 e 36 semanas de gestação – essa vacina combate contra a difteria, tétano e coqueluche. Realizada nesse período, ela confere maior número de anticorpos para o bebê para a prevenção contra a coqueluche. A DTpa é recomendada a cada gestação. Se a gestante não tem esquema para tétano previamente, deve receber duas doses de dT e uma dTpa.
Influenza (gripe) – durante a gestação e/ou até 45 dias do pós-parto caso não tenha recebido na gestação
Hepatite B – em caso de não ter recebido antes.
COVID – A dose de reforço deve ser ministrada com vacinas aprovadas para mulheres grávidas e em puerpério, preferencialmente a da Pfizer/BioNTech.
Se risco importante: Hepatite A, Meningo ACYW, Meningo B, Pólio inativada, Pneumo 23, Febre amarela – dependendo da situação epidemiológica do país e região na época.

São contraindicadas as vacinas de microorganismos vivos : tríplice viral (onde inclui-se rubéola, caxumba e sarampo) e varicela. O tempo recomendado para as vacinas de vírus vivos antes de engravidar é em média 1 mês.

Vacina para gestante contra o Vírus Sincicial Respiratório – (Abrysvo) – entre 30 e 36 semanas de gestação

Estratégia casulo (Cocoon Strategy):

Consiste na vacinação dos adultos (familiares e cuidadores), adolescentes e outras crianças do núcleo familiar, para evitar que eles adoeçam e transmitam as infecções para os bebês, no ambiente doméstico.

VACINAS RECOMENDADAS PARA O PAI E CONTACTANTES ADULTOS (AVÓS, BABÁS, ETC..) e IRMÃO MAIS VELHOS:

DTpa – evita a transmissão de coqueluche ao bebê, que pode ser grave para o bebê – Essa é a mais importante e deve ser feita por todos.
Influenza (gripe)
Varicela – caso não tenha histórico prévio
Tríplice Viral – Sarampo, caxumba e rubéola – se não estiverem em dia
Hepatite B – se não estiver em dia
COVID
MENINGITE ACWY E B

FARMACINHA DO BEBÊ.

Fraldas RN, cotonete para a limpeza das dobras das orelhinha, pacote de algodão em bolas, álcool a 70% para a higiene do coto umbilical, garrafa térmica para água morna para a limpeza do períneo, tesourinha sem ponta para cortar as unhas, pente e escova de cabelo com cerdas macias, termômetro, termômetro para a banheira, pomada para prevenção de assaduras, vitamina D, soro fisiológico 0,9% para higiene nasal, aspirador nasal, medicamento antitérmico (Tylenol gotas), cesta para reunir todos os itens acima. Todos os produtos utilizados no bebê devem ser sem parabeno.

ENXOVAL.

Adquirir algumas peças nos tamanhos RN e pequeno e conforme o crescimento e a estação do ano você pode ir renovando. Prefira roupas de algodão e malha de algodão. Cuidado com muitos bordados, etiquetas e tecidos sintéticos, pois podem irritar a pele do bebê. Escolher peças folgadas para permitir a livre movimentação da criança, além de higiênicas, confortáveis e fáceis de lavar e trocar. Lavar as roupinhas, inclusive as de cama e banho, antes do primeiro uso e a cada troca, com sabão neutro (sabão de coco) e separadamente das demais roupas da casa. Evitar amaciantes, pois podem irritar a pele do bebê. Passar todas as peças com ferro quente, a fim de matar bactérias e fungos que podem contaminar o bebê ou secar na secadora de roupa.

O quarto do bebê já deve estar pronto, com berço e/ou cercado com grades altas (60 cm) e separação máxima de 6 cm entre as grades. No interior do berço não coloque objetos nem tecidos de segurança. O estrado deve ser regulável quanto a altura, para ser baixada à medida que o bebê cresce e consegue sentar-se. O ideal é que os berços sejam pintados com tinta atóxica, de difícil destaque. Isso se justifica pois quando surgem os primeiros dentinhos no lactente, ele vai gostar de ficar “roer” a grade. Móbiles devem ser presos numa altura em que o bebê quando sentado não consiga alcançar.

Segurança: não deixe o berço e o trocador embaixo da janela e/ou cordões de cortinas, perto de luminárias, enfeites de parede ou móveis que possam ser usados para pular e para evitar acidentes. É recomendável grades de proteção ou telas nas janelas da casa e sacadas. Não deixar nenhum objeto solto no interior do berço, por risco de sufocação, asfixia e estrangulamento.

MALA PARA A MATERNIDADE.

Deixar pronta de 15 a 30 dias antes da data prevista para o parto. Assento de segurança para automóvel adequado para RN.

LICENÇA MATERNIDADE E PATERNIDADE.

Informem-se com os locais de trabalho. Maternidade de 4-6 meses. Paternidade de 5 dias. Entretanto, empresas participantes do Programa Empresa Cidadã podem oferecer uma extensão da licença-paternidade para 20 dias, totalizando 25 dias. Ao sinal de trabalho de parto dirijam-se à maternidade.

TIPO DE PARTO

Os benefícios do parto normal na vitalidade do RN, na diversidade da microbiota intestinal, na redução no risco de obesidade e Doenças Crônicas Não Transmissíveis (pressão alta, diabetes, colesterol elevado, infarto, etc…), todos benefícios estão bem documentados cientificamente quando se compara o parto vaginal contra o parto cesariana. Estudos recentes sobre a microbiota intestinal demonstram que o parto por via cesariana aumenta em 20% o risco de asma e doenças alérgicas, quando comparados com o parto vaginal.

NA MATERNIDADE. SALA DE PARTO.

Pediatra neonatologista e obstetra estarão presentes. Após o recebimento do bebê pelo pediatra, ele será secado pois a perda de calor é muito intensa podendo levar ao risco de hipotermia. Será examinado para ver o funcionamento do coração, pulmão, etc. Realizar-se-a a Escala de Apgar para ver o somatório dos sinais (frequência cardíaca, tônus muscular, esforço respiratório, irritabilidade, cor da pele).

Se parto normal será realizado a prevenção da oftalmia gonocócica: 2 gotas de nitrato de prata a 1% em cada olho. Em todas as crianças será realizado a prevenção da doença hemorrágica do recém-nascido (RN) com aplicação de vitamina K intramuscular. Após todos os procedimentos o bebê já pode ir ao encontro da mãe e ser estimulado a amamentar, conforme orientação da equipe médica assistente.

O QUE O SEU BEBÊ JÁ FAZ LOGO APÓS O NASCIMENTO.

Observa o rosto humano a 20-30 cm de distância. Distância do seio ao rosto materno.
Segue objeto colocado à frente do seu rosto, mas apenas metade do percurso.
Sorri quando está sonolento (manifestação de bem-estar).
Resposta a ruídos altos com movimentos oculares, choro ou “susto”. – Reflexo de Moro.
Deitado de costa faz movimentos bilaterais e sincrônicos, movimentando braços e pernas simultaneamente e na mesma intensidade.
Colocado de bruços, mantém-se com braços e pernas flexionados, eleva momentaneamente a cabeça.

DURANTE A ESTADIA DA MATERNIDADE.

O pediatra irá reavaliar a criança geralmente 4 horas após o parto, conforme rotina do serviço. Aleitamento materno em livre demanda, a hora que o RN quiser ele pode e deve ser amamentado. O bebê deve evacuar e urinar nas primeiras 24h de vida. Será realizado o teste do Olhinho para ver o reflexo vermelho bilateral no fundo do olho. Caso não esteja presente será encaminhado para um oftalmologista de referência. Teste da língua para ver se existe frênulo lingual que pode prejudicar a amamentação e fala do bebê. Testes da orelhinha para ver se tem problemas auditivos identificáveis no nascimento. Testes do coraçãozinho para identificar alguns problemas cardiológicos.

Vacina contra a Tuberculose (BCG) e Hepatite B. Alojamento conjunto: mãe, pai e bebê juntos. Aumenta o vínculo na família. Aproveite o tempo na maternidade para tirar todas as dúvidas sobre o aleitamento materno, os cuidados com o bebê (banho, higiene do períneo e do coto umbilical).

Nos primeiros dias de vida ocorre a eliminação do mecônio (coco verde) após as fezes se tornam amareladas e sua consistência é semi-líquida com “gruminhos branco -amarelados”, que são os grânulos de glicogênio. A recomendação atual é que o bebê fique em contato pele a pele com sua mãe por, pelo menos, uma hora. A primeira hora de vida é chamada “hora de ouro”, pois a mãe e o bebê costumam ficar acordados, alertas, sendo uma excelente oportunidade para interagirem. Após a primeira hora do parto, mãe e bebê podem ficar sonolentos e dormirem.

BANHO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) determina que o primeiro banho seja realizado após 24 horas do nascimento ou, se isso não for possível por razões culturais, que seja adiado pelo período mínimo de seis horas. O banho de imersão é o mais indicado, pois promove menor perda de calor e maior conforto ao bebê. Deve durar de cinco a dez minutos, com a temperatura da água entre 36,9°C e 37,5°C sendo sempre cuidadosamente medida. A temperatura da água poderá ser aumentada conforme a temperatura do ambiente. O banho pode ser diário, mas também pode ser realizado duas a três vezes por semana, desde que se higienize as pregas, cordão umbilical e a área de fraldas, respeitando os hábitos culturais de cada família. Logo após o banho, a pele deve ser gentilmente seca com uma toalha macia e limpa.

TÉCNICA PARA O ALEITAMENTO MATERNO.

A hora que o bebê quiser ele pode e deve mamar. Sente-se num local adequado e tranquilo! Relaxe. Quanto mais relaxada, descansada e hidratada mais a mãe conseguirá produzir leite materno. Esteja numa posição confortável e que você se sinta bem. Almofadas para amamentação podem ajudar, senão travesseiros. Esteja com roupa e sutiã adequados para a amamentação, pois eles podem atrapalhar na pega do bebê. Retire grande parte da roupa do bebê, deixe ele sentir sua pele e você a pele dele, isso ajuda na descida do leite e aumenta o vínculo entre mãe e filho. Abocanhe toda sua auréola com sua mão em forma de C, comprima-a afim de que consiga colocá-la, praticamente toda dentro da boca do bebê quando ele abrir. Traga o bebê ao seu corpo, e não o seio na boca do bebê. Abrace-o, fique bem “agarradinha” com ele, barriga com barriga. O braço do bebê pega na sua cintura.

Você ajuda com a outra mão que não o está segurando, a liberar a narina para que ele consiga respirar. Faça carinho em sua bochecha, isso estimula o reflexo da sucção. Não o deixe adormecer no seio. Converse, faça cócegas nos pés e acaricie suas costas para ele não dormir a fim de que ele tenha uma mamada efetiva. Não existe tempo ideal para cada mamada e sim a satisfação do bebê, mas geralmente gira em torno de 20 minutos. O ideal é que o RN consiga esgotar a mama em cada mamada, ou seja, que ele consiga chegar na parte posterior da glândula mamária onde a concentração de gordura é maior. Isso faz com ele se sinta satisfeito e ganhe peso adequadamente.

O leite inicial da glândula mamária é rico em proteína e carboidrato, também essencial para o bebê, mas o leite rico em gordura é mais calórico e isso aumenta o intervalo entre as mamadas. Nem que ele precise pegar várias vezes a mesma mama para chegar na “gordurinha” do leite. O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja vista que o tempo necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite armazenado na mama, entre outros. Em geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. Esse é um comportamento normal, não é um sinal de fome do bebê, de leite fraco ou de pouco leite.

Na ocasião da alta, os pais devem receber preenchida a via cor de rosa da declaração de nascidos vivos, para realizar o registro de nascimento. Caderneta de Saúde – aí estará todo o histórico do bebê, desde a gestação, parto e evolução do RN na maternidade. Alta somente depois de 48hs de vida do bebê. Sair da maternidade com bebê conforto adequado para o transporte seguro do RN e/ou prematuro no carro.

EM CASA

Ter tranqüilidade para que a sua sensibilidade materna aflore. Vínculo dos pais com o bebê – passar a presença com contato físico, visual e verbal, dando segurança e tranqüilidade para o RN, assim ele se sente seguro, amparado, querido e amado. O bebê se comunica com os pais através do choro inicialmente. A média de choro de uma criança normal varia de mais ou menos 3 horas por dia. Isso para uma criança normal sem nenhuma patologia, geralmente nas outras 20 horas eles estão dormindo ou acordados mamando.

Não se desespere com o choro. O choro é o meio de comunicação do recém-nascido para ele solicitar alimento, carinho, conforto, higiene e segurança. Acalente seu filho! Demonstre para ele o quanto ele foi desejado e querido. Com as crianças é muito importante que os pais tenham:

paciência para aguentar o choro e as noites sem dormir.
persistência e firmeza na hora da educação, sem agressão.
tolerância com as falhas e as suas limitações.
segurança, calma e tranquilidade para passar aos seus bebês…

Pois eles serão o reflexo do que vocês forem com eles! Pais calmos – bebê calmo, exceto claro se doença! Cuidado para não superaquecer o bebê com roupas ou ambientes muito aquecidos pois se você colocar roupas de mais ele pode ter febre( >38C), visto a grande labilidade térmica da criança. O recomendado é colocar uma muda de roupa a mais que a gente usa. O mesmo serve para o contrário, hipotermia (temperatura axilar < 35,5), caso você deixe-o muito a vontade em ambiente frio.

TROCA DE FRALDAS.

Sempre da frente para trás (períneo em direção ao ânus), Trocar o bebê sempre que ele estiver sujo (xixi ou coco). Limpar com água, algodão e sabão neutro. Um lenço umedecido específico para recém-nascido pode ser usado fora de casa. Fazer a limpeza do coto umbilical com álcool a 70% a cada troca de fraldas. Geralmente você troca mais de 6 fraldas ao dia.

O BANHO DE SOL.

Não está mais indicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, atualmente a recomendação é a reposição oral da vitamina D.

BERÇO SEGURO.

Os berços devem seguir as normas técnicas da ABNT (NBR 15860) e Imetro (NBR 15860-1 e 15860-2). Não utilizar protetores de berço. Não deixar nenhum objeto solto no berço, por risco de sufocação, asfixia e estrangulamento. O colchão deve ser de espuma (D18) e não plastificado. Plano, duro, não deformável e perfeitamente ajustado no berço. Virar o colchão uma vez ao mês e se deformidade substituir. Assegurar-se que a cabeça esteja descoberta o tempo todo. Se necessário usar coberta na altura do peito para baixo e presa firmemente nas laterais do berço. Saquinhos de dormir e pijamas inteiros são alternativas seguras. Compartilhar o quarto sem compartilhar a cama reduz o risco de morte súbita no bebê em até 50%. A criança pode ir para o seu quarto quando consegue retirar o cobertor da sua cabeça sozinha, ou seja, em torno de 6 meses de vida.

POSIÇÃO PARA DORMIR.

Sempre de barriga para cima, visto que diminui em 10 vezes o risco de morte súbita.

ROTINA PARA DORMIR.

Faça uma rotina para o sono, deite o bebê acordado no berço e faça-o dormir ali mesmo, no berço. Evite fazê-lo dormir no colo e muito menos no seu seio senão as noites durante o primeiro ano de vida serão de plantão diário. Não tenha nenhum objeto (brinquedo, bichinhos ou protetor) junto ao berço. Existem 2 estados do sono : sono ativo e sono tranqüilo.

Sono ativo: mesmo dormindo o RN realiza movimentos corporais. Não se preocupe, é normal, não pegue o bebê, deixe-o dormir.

Sono tranqüilo: o RN está em repouso total. O RN a termo que nasce com mais de 37 semanas de idade gestacional passa apenas 2 a 4 horas por dia acordado. Às 20 horas restantes correspondem aos estados de sono ativo ou tranqüilo. Com o passar dos dias e com o amadurecimento neurológico, vai se reduzindo o período do sono, atingindo cerca de 16h por dia no final do primeiro mês.

ALEITAMENTO MATERNO EM LIVRE DEMANDA.

A hora que o bebê quiser ele deve mamar, não deixar ultrapassar mais de 3-4 horas sem amamentar pelo risco de hipoglicemia. Não deixar o bebê dormir no seio, fazer com que ele tenha uma mamada efetiva. Não fazer o seio de bico. Deixar o RN só de fraldas, para sentir a pele da mãe, isso reforça o vínculo e a apojadura. Bebês que são amamentados conforme sua fome tendem a mostrar-se mais calmos. Cuidado com as fissuras e o ingurgitamento mamário. Seio materno machucado é sinal de pega errada. As golfadas são esperadas nos primeiros meses de vida e podem ser um sinal de refluxo fisiológico, mas inicialmente pode ser tratado somente com medidas posturais (não balançar o bebê, evitar roupas que apertem a sua barriga, colocar o bebê para arrotar, manter no colo por cerca de 30 minutos depois de mamar). É importante também avaliar a pega ao seio, pois se esta não estiver correta, o bebê pode não mamar o suficiente ou até engolir ar enquanto mama (aerofagia) e regurgitar com mais frequência para expelir o ar deglutido.

Pode-se completar a leitura com o ebook: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/sbp/2022/agosto/12/ebook_agosto_dourado_sbp.pdf

ACALENTAR O BEBÊ SEMPRE QUE ELE CHORAR, pois transmite segurança, amor e conforto para a criança. Não tenha medo de “mimar”! Essa é uma época em que eles necessitam se sentir amados, queridos e com segurança. Isso é importante para o desenvolvimento da personalidade e do temperamento do bebê. Dê colo! Converse com seu bebê, ele já reconhece sua voz, isso o acalma! Contato pele a pele dá segurança para ele! Ainda nos primeiros 28 dias de vida o bebê ganha confiança e tranquiliza-se à medida que percebe que suas necessidades estão sendo atendidas regularmente, como a fome, troca de fraldas e carinho.

BANHO EM CASA

Deixar tudo à mão: sabonete neutro infantil, toalha, álcool a 70% para limpeza do coto, pomada para prevenção de assaduras, cotonete, fralda descartável, e as roupas que o bebê irá vestir. Temperatura da água entre 37 a 38ºC dependendo da temperatura ambiente no dia. Pode-se utilizar água fervida até a queda do coto umbilical, mas isso fica a critério da família. Testar a temperatura da água no antebraço. Colocar pouca água na banheirinha, no máximo 15 cm. O ideal é que a quantidade de água cubra até o umbigo do bebê. Iniciar lavando a face, a cabeça, depois o tronco, e o resto do corpo, deixando por último os genitais do bebê e o bumbum. Após o banho iniciar secando o rosto, o cabelo e o restante. Após limpar o coto com álcool a 70%, passar o creme para prevenção de assaduras e vestir o bebê com roupas adequadas para cada estação do ano.

SINAIS DE ALARME PARA LEVAR SEU RECÉM-NASCIDO AO PRONTO-ATENDIMENTO

Febre (temperatura > 37,5 °C) ou hipotermia (temperatura < 35,5 °C)
Parar de urinar
Recusa da mamada
Hipotermia e apatia
Coma: quando você não consegue acordar o bebê de maneira nenhuma
Tosse persistente e recusa alimentar
Dificuldade para respirar
Choro e irritabilidade excessivo
História de convulsões
Respiração rápida (frequência respiratória > 60 por minuto); forte retração torácica
Qualquer icterícia (amarelão) nas primeiras 24 horas após o nascimento, palmas e/ou planta dos pés amareladas em qualquer idade

TESTE DO PEZINHO

Realizar o teste do pezinho entre 4 e 7 dias de vida.

ALERTAS DE SEGURANÇA PARA O RECÉM-NASCIDO

QUEDAS (cama, trocador, colo, carrinho e poltronas)
Queimaduras (banho, cigarro, líquidos quentes)
Sufocação (dormir de barriga para baixo, enrolar cordão ou prendedor de chupeta em volta do pescoço, pequenos brinquedos, o espaço do colchão e o berço quando o colchão é do tamanho incorreto)
Intoxicações (medicamentos em doses erradas, substâncias tóxicas – naftalina)
Não deixe cães e/ou animais domésticos perto do bebê – pode ser perigoso
Prefira termômetro digital pois o de mercúrio quebra fácil e é tóxico
Não utilize talco, pois há risco de sufocação e pneumonite química
Mobílias e equipamentos para o bebê devem conter certificação pelo Inmetro e ABNT

PRIMEIRA CONSULTA COM O PEDIATRA

Deve ser realizada de 5 a 10 dias de vida

Bibliografia:

Sociedade Brasileira de Pediatria